quinta-feira, 15 de julho de 2010

Cidades


Foto roubada da Fer... e parte do post inspirado em nossas divagações...


Quantas cidades já passei a deixar meu coração aos poucos...

Jundiaí, minha terra natal, minha raiz mais forte.

Varzea Paulista, grandes momentos da infância.

Itu, Sumaré, Americana e Santa Bárbara D'Oeste... uma estranha loucura da adolescência.

Ipeúna, insanidade... minha forja.

Rio Claro, os primeiros passos da minha vida adulta de fato.

Piracicaba... minha carreira, meu braço forte, meu lar.

Mas São Paulo... mora no meu coração.


Pira Sampa


Por que São Paulo mora no meu Coração?
Queria amar Piracicaba
Este lugar que tão bem me recebeu
Mas mesmo em conflito
Entre Jundiaí e Piracicaba
São Paulo cresce no peito
Cinza, quilômetros de cinza
Piracicaba tem todas as cores
Mas gosto do cinza de Sampa
Mesmo com árvores frondosas daqui
Gosto de postes e viadutos de lá
Lagoas cheias de peixes, piranhas e pitus
E prefiro a Guarapiranga
O céu azul com nuvens brancas
E quero o nublado e poluído da capital
O rio, o charmoso Rio de Piracicaba
Não me causa o mesmo que o Tietê ou Pinheiros
Há algo de errado em mim
Que não aquieta meu coração
O interior sufoca o meu interior
Não consigo abrir os braços aqui
Nem respirar fundo este ar tão puro
Quero o cheiro da fumaça e da garoa
Desejo expandir meus horizontes
Ir onde sou só mais uma, mas perto do mundo
Este mundo de São Paulo
Em que há um universo, ou vários
Correndo 24 horas a fio até não saber por quê
Talvez sejam as pessoas que conheço
Ou que desconheço pela distancia
Provavelmente por saber o que me espera
Esperando que o inexplicável aconteça
Não preciso cruzar a Ipiranga com a São João
Sei o tanto que me ligo a este lugar
Cada vez mais, como se o destino existisse
Será que fujo ou me entrego à paulicéia desvairada
Tantas referências e ligações
Mas permaneço aqui neste conforto caipira
O medo às vezes é maior que o amor
Podem ser minhas raízes também
Não finco em canto algum
Porém o coração volta sempre pra lá
Num balanço de trem, na flora tímida
No vermelho da liberdade
Nas multicores escondidas nas ruas
O pote de ouro no fim do arco-íris
Se tiver a força que deveria ter vou embora
Uma hora ou outra me jogo
Em busca desta aventura contemporânea
Despertar meus sentidos na metrópole
Rasgar o tempo em arranha-céus
Neste sonho quase delírio
De romper a barreira do status de Jeca.
Me espera São Paulo, tenha um pouco de paciência.
Eu vou chegar em breve, de pés vermelhos e cara limpa.


Francine Alsleben Cegantini


Obs.: Cada vez tenho mais razões para me jogar em São Paulo... O tempo dirá!

2 comentários:

Natalia Guimarães Viotti disse...

Nossa, amei a escrita, principalmente a essência...

São paulo terá paciência e saberá aguardar a sua chegada de braços e peito aberto!

Um grande beijo,
Nat

Jornalista Frustrada disse...

São Paulo, a Paulicêia desvairada que nos encanta, espanta e desperta esperanças de um novo recomeço.
Frio, gároa, caos...
Lugar onde seremos apenas mais uma.
Mais uma dentre tantos uns e outros que têm.
Mas seremos especiais, uns para os outros, sempre.

Adorei, bjos.